Figura central da fé cristã como Senhor e redentor do mundo, Jesus de Nazaré sempre foi alvo de muita especulação, difamação e calúnia, para aqueles que não acreditam em sua divindade o rejeitando como Filho de Deus. Mas não se engane, não é somente nos dias atuais, principalmente nas redes sociais com essa onda exagerada de ateísmo que tem invadido as novas mídias, que nos deparamos com blasfêmias e insultos a pessoa de Cristo. Sabemos que desde sua entrada triunfal em Jerusalém em 32 AD, quando Jesus marca o fim da sexagésima nona semana da profecia dada ao profeta Daniel, e assume seu papel publicamente como o Messias, Filho de Deus, Ele tem sido motivo de alegria, salvação e libertação para muitos, e para outros tantos, motivo de desprezo e ódio, sentimentos tais que fizeram o povo separado de Deus (Israel), a condenarem O Ungido a morte de cruz.
Após sua morte em 33 AD, os santos apóstolos deram continuidade ao ministério de Jesus aqui na terra, pregando o amor, a paz e repetindo por onde iam tudo aquilo que tinham aprendido do Mestre. Desde então os caluniadores não deixaram de aparecer. De todas as partes do mundo antigo em que se ouvia a história de um tal nazareno que se denominava Filho de Deus, podia-se observar opiniões das mais adversas. Haviam aqueles que aceitavam seu sacrifício, se convertiam a sua doutrina e saiam a pregar seus ensinamentos, cumprindo sua palavra deixada em Marcos 16-15 que diz "ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura". Ao mesmo passo que surgiam adeptos da nova fé, chamada de cristianismo, apareciam também aqueles que com ódio os repeliam. Imperadores truculentos, soldados e religiosos cheios de ira em seus corações, que perseguiam e matavam os crentes dos primeiros séculos.
Em meio a tanto desprezo por Jesus e seus seguidores, existiam também aqueles que batalhavam não com a força física, mas com um dos membros mais poderosos do corpo humano, a língua. Inventavam, distorciam, inflamavam, contavam histórias inexistentes, escreviam falsos evangelhos e atribuíam palavras a nosso Senhor, sem jamais terem o visto e ouvido suas palavras.
É em um contexto parecido com este que acabei de traçar, que por volta dos séculos IV e IX pode ter sido escrito um papiro, que recentemente foi encontrado, onde se afirma que Jesus foi casado. Digo "pode ter sido", pois ainda não foi totalmente comprovado que este papiro tenha mesmo sido escrito durante estes séculos ou se é mais atual do que se pensa, existem algumas controvérsias nos estudos do material encontrado.
Se é falsificação ou não, o caso é que o papiro fala sobre Jesus ter se casado e que sua mulher seria uma discípula. Tais informações sem nenhum embasamento não são exclusividade do falso evangelho. Vemos uma ampla gama de livros, filmes e teorias que afirmam que Jesus se casou e teve filhos. Uma dessas fábulas contam até que sua esposa teria sido Maria Madalena.
Vamos a partir daqui entender por que tudo isso não se passa de, como Pedro chamaria, "fábulas artificialmente compostas" em II Pe 1:16.
Primeiramente temos que entender que se Jesus tivesse de fato tido uma esposa a bíblia jamais teria ocultado isso de nós, pois ele seria o exemplo perfeito para todo homem seguir (humanamente falando), uma vez que todas, sem exceção, atividades humanas que Jesus praticou aqui na terra, ele o fez com excelência deixando para nós exemplos de como lidar com cada uma delas.
Então Jesus não nos deixou nenhum exemplo de como ser um bom esposo? Claro que sim. Porém todas as vezes que vemos na Sagrada Escritura algum ensinamento referente ao tratamento do marido para com a esposa, a bíblia usa como modelo o relacionamento de Cristo com a igreja, veja:
"Maridos, continuai a amar as vossas esposas, assim como também o Cristo amou a congregação e se entregou por ela.” - Efésios 5.25.
Como mencionei anteriormente, se Jesus tivesse tido mesmo uma esposa, por que não empregar aqui o tratamento dele com sua esposa literal? Por que a bíblia nos esconderia isso?
Em segundo podemos destacar que Jesus quando estava prestes a derramar sua alma na morte em sacrifício por nós, entregou sua mãe aos cuidados de seu discípulo conforme está escrito em João 19. 25-27: "E junto à cruz de Jesus estava a sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria mulher de Clopas e Maria Madalena. Ora Jesus vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. E depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa."
E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria mulher de Clopas, e Maria Madalena.
Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho.
Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.
João 19:25."
Se por acaso ele tivesse alguma esposa, não estaria ela também lamentando sua morte aos pés da cruz? E quanto a Jesus, não teria entregado ela para que algum discípulo cuidasse afim de deixá-la amparada?Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho.
Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.
João 19:25."
Bom com estes poucos exemplos podemos evidenciar que Jesus não foi casado, se assim tivesse acontecido a sagrada escritura nos daria algum vestígio de sua família (mulher e filhos), e claramente lemos sobre seus pais, irmãos e até primos, mas não encontramos nem um rastro de uma possível esposa literal na vida de Cristo.
Sendo assim, comprovamos que seja escrito na atualidade ou na antiguidade, não há o menor sinal de verdade no texto apresentado pelo papiro. Outro fato que comprova que o documento não faz parte de nenhum evangelho, é que além de ter sido escrito muito tempo após a compilação do novo testamento, foi redigido em copta, e não em grego coiné, aramaico e hebraico, como todo o resto da sagrada escritura. Também não pode ter sido extraído ou embasado de nenhum dos quatro livros escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João, pois em nenhum desses encontramos evidencias que deem respaldo para tal afirmação. Nem mesmo do documento Q, que foi perdido pouco depois da compilação do canon neo testamentário, tais afirmações poderiam ter sido obtidas, uma vez que este documento também serviu de base para alguns dos fatos escritos nos evangelhos, e nele também não continham informações sobre Jesus ter se casado.
Concluo então que mesmo que o papiro seja verdadeiro em data e tenha sido escrito realmente nos primeiros séculos após a morte de Cristo, ele continua sendo falso em suas afirmações sem base e nenhum sustendo de acordo com a bíblia sagrada. Portanto para nós cristãos não possui nenhum valor religioso ou mesmo histórico que seja relevante, e deve ser totalmente desacreditado.
Encerro meu artigo aqui com uma pergunta e na sequencia a resposta.
Mas afinal, Jesus poderia ter se casado?
E a resposta é, Não. Não que o casamento seja algo pecaminoso e que corrompa o homem de alguma forma, mas para Jesus ele não teria sido possível, pois embora fosse 100% homem, ele continuava sendo 100% Deus. E sendo Deus, casar-se e ter uma família, não fazia parte de seu propósito enquanto homem. Ele mesmo explica:
"Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos." - Marcos 10-45.
Seu propósito era servir e dar a vida para que nós não perecêssemos, mas ganhássemos a vida eterna e o direito de ser filhos e co-herdeiros com Jesus.
A Graça e Paz!!!